domingo, 14 de outubro de 2012

Previsível, mas nem tanto; tudo tranquilo, mas nem tanto

Neco venceu. Será o próximo prefeito a partir de janeiro. Comemorem, militantes da situação, vocês têm todo o direito. O sabor da vitória é fantástico. Eu já o senti em algumas campanhas. Mas não tripudiem sobre os militantes do candidato que perdeu. Eles também exerceram um direito legítimo da democracia e devem ser respeitados por isso. A oposição é o que equilibra o jogo, que torna justo o debate. Sem ela, voltaríamos aos tempos da ditadura, onde havia uma só voz da razão, uma só versão legitimada. E isso não queremos de volta nunca mais, não é?

Mostrem que têm civilidade e que o município não cresceu somente com a chegada do porto, mas seu povo amadureceu junto politicamente. Já senti também algumas vezes o sabor da derrota. Ele é amargo. Mas não tem nada de indigno.

Mais uma “coça de votos” (termo horrível, aliás, tão usado por alguns fanáticos), exatamente como alardeada pelos militantes mais empolgados — normalmente coincidindo com os mais agressivos e debochados. Mas seja o termo educado ou não, civilizado ou não, são os números. Discutir o quê? Pelo menos desta vez, mesmo sendo pior que em 2008, a derrota não foi em todas as urnas — o que não quer dizer muita coisa, no final das contas.

Betinho tem uma pendência no TSE, que nem causa tanta preocupação — em virtude da vitória unânime no TRE, por não ter sido provado dolo e sim questões burocráticas — quanto causam preocupação as últimas denúncias envolvendo o grupo governista na operação deflagrada há poucos dias pela Polícia Federal. Neste caso, o grupo da situação foi tão competente para blindar o problema arranjando motivos, criando teorias conspiratórias e contra-atacando, quanto o grupo da oposição foi incompetente para tornar público o que de fato interessava, que era o teor das denúncias. São sérias e há provas irrefutáveis do uso da máquina pública no favorecimento da candidatura governista e na tentativa de tomar conta na Câmara por meio de uma série de crimes eleitorais e tantas outras irregularidades que são de deixar qualquer cidadão sério estupefato.

Ou seja, os governistas, hoje campeões do pleito, têm mais do que tratar com seu jurídico do que a oposição. De qualquer forma, nada disso quer dizer que alguma coisa vai mudar. Provavelmente Neco e Alexandre assumem em janeiro e governam por quatro anos, mais quatro se o povo quiser — e se a Justiça deixar. Que façam o melhor por São João da Barra.

E esperemos não mais que poucos meses para conhecer a nova subdivisão do grupo vencedor, de onde sairá um líder de oposição, como tem sido praxe nos últimos anos.

É, São João da Barra, eleição comprada e viciada, como denunciou mais de uma vez o candidato Betinho, e eis o resultado. Haverá reviravolta? Pode até ser que sim, mas provavelmente não. E se houver há prazos, etapas, derrotas e vitórias jurídicas parciais, uma novela sem previsão de quando será o último capítulo nem como se dará seu desfecho. E alimentar esperança agora não seria justo com os militantes que ainda sofrem a derrota.

Por ora, é o que é. E temos o dever de respeitar isso. Boa sorte, juízo e muita ética aos novos governantes. Ah, e como cidadãos independentes e interessados no bom uso do dinheiro público do município, estaremos atentos. Sempre alertas e de olhos bem abertos. Isso não é pegar no pé de quem governa, não é criar caso, nem ficar se metendo. Nada disso. É fazer o papel que nos permite a democracia. O governo que termina em dezembro odeia liberdade de expressão, mesmo que seja exercida com toda a responsabilidade. Tomara que Neco seja diferente.

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