segunda-feira, 29 de outubro de 2012

'Prefiro ter elogios de pessoas com idoneidade moral inquestionável'

O delegado titular da Polícia Federal de Campos, Dr. Paulo Cassiano enviou ao Site Ururau, através de email, respostas com relação a matéria publicada na tarde deste domingo(28/10) onde a prefeita de São João da Barra, Carla Machado, faz o relato de que esteve em Brasília na última semana, onde fez uma representação contra o delegado, por conta de sua prisão no início de mês de outubro.

“Todo Policial que atua com rigor acaba contrariando os interesses da criminalidade organizada. No caso da ‘Operação Machadada’ não foi diferente”, disse acrescentando que “Sendo assim, é compreensível que os indiciados na investigação estejam com rancor da Polícia Federal, de maneira geral, e de mim, em particular, pois nós conseguimos revelar para toda a sociedade que a prefeita Carla Machado e seu grupo político compravam votos e manipulavam o resultado das eleições no município de São João da Barra”.

Sobre a representação, vai mais longe: “Aguardo ansioso a chegada da representação ao meu gabinete, pois terei mais uma oportunidade de declarar aquilo que as provas do inquérito gritam: que a prefeita Carla Machado organizou e liderou um esquema criminoso para a compra de votos, mediante paga e promessa de vantagens, com vistas à desistência de candidaturas adversárias, manipulando, assim, o resultado das eleições em São João da Barra, tudo com o propósito de eliminar ao máximo a oposição política no município,” declarou.

Paulo Cassiano voltou a destacar, assim como em entrevista concedida ao Site Ururau, no dia 06 de outubro, que nunca teve qualquer tipo de contato ou relacionamento com o deputado Anthony Garotinho, conforme salientou Carla Machado em sua postagem no Facebook. O Delegado desafia a Prefeita a provar o contrário.

“Nunca falei com ele, nunca o vi pessoalmente, nunca tratei de qualquer assunto, nem mesmo profissional. Desafio publicamente a prefeita Carla Machado e seu grupo político a provar o contrário. Quero recordar mais uma vez que todas as testemunhas que colaboraram no inquérito policial da ‘Operação Machadada’ têm alguma relação com os partidos políticos de oposição em São João da Barra. Portanto, é perfeitamente possível que essas pessoas tenham ido à Polícia Federal para denunciar o esquema criminoso de Carla Machado e, ao mesmo tempo, procurado o deputado federal Anthony Garotinho para obter algum tipo de vantagem política dessa conduta. Mas isso é só uma conjectura minha, não sei se isto aconteceu de fato”.

Em sua postagem, Carla diz considerar sua prisão e de Alexandre Rosa, abusiva, arbitrária e um desvio de conduta do delegado Paulo Cassiano. Mas, Cassiano garante que as prisões ocorreram dentro da legalidade. “As prisões foram absolutamente legais e, por esta razão, transcorrido quase um mês do evento, até a presente data a Polícia Federal não recebeu qualquer tipo de crítica ou questionamento por parte da Justiça Eleitoral. Vale lembrar que o Ministério Público Eleitoral, inclusive, emitiu uma nota favorável ao nosso trabalho logo após a Operação Machadada”, disse o delegado.

Para Paulo Cassiano, ao trazer a público uma série de informações jurídicas desencontradas, a prefeita Carla Machado tenta confundir as pessoas, manipulando os argumentos a seu favor. “A prefeita foi presa em flagrante, que nada tem a ver com a prisão temporária, citada por ela. São duas modalidades de prisão cautelar que não se confundem nem se assemelham”, observou Cassiano acrescentando que para a caracterização de crime de quadrilha, é necessário o envolvimento de mais de três pessoas.

“O grupo criminoso chefiado pela prefeita não era composto apenas por ela mesma e por Alexandre Rosa, pois, se assim fosse, não haveria quadrilha. As provas do inquérito policial revelam que o vereador Elisio Motos e os candidatos a vereador Alexandre Firme e Renato Timótheo também eram associados ao esquema de compra de votos e, portanto, também foram indiciados pelos mesmos crimes. Não há qualquer tipo de impedimento legal à prisão em flagrante por crime de quadrilha”, explicou o delegado completando. “Na história recente, inclusive, houve o caso do ex-deputado estadual Álvaro Lins, também preso em flagrante pelo mesmo delito”.

Cassiano disse ainda que para que a prisão em flagrante de quadrilha seja considerada válida, não é necessário que todos os elementos do grupo sejam presos simultaneamente, mas sim que a existência da quadrilha esteja comprovada e que as suas atividades ilícitas estejam em andamento.

“Vale ressaltar que, no dia da operação, nosso propósito era o de efetuar a prisão em flagrante de todos os membros da quadrilha, mas isso somente não foi possível por circunstâncias operacionais. É claro que o advogado de Carla Machado tem conhecimento jurídico desses fatos, pois se trata de um profissional de renome no mercado. Mas, como ela está indignada e com raiva no coração, ele precisa mostrar serviço, ele precisa alegar alguma coisa para justificar a fortuna pela qual deve ter sido contratado”.

Outro ponto debatido por Carla Machado foram as provas (áudio e vídeo) usado por Cassiano no inquérito policial. Porém o delegado diz lamentar que a Prefeita continue apegada a questões formais que não têm mínima procedência.

“Como já disse, seu discurso pretende apenas gerar confusão e levantar polêmicas inúteis. Sugiro que, ao invés de alimentar essa amargura contra a minha pessoa, ela invista tempo esclarecendo aos cidadãos de São João da Barra acerca do conteúdo das gravações do inquérito, respondendo a perguntas que até agora permanecem obscuras, como, por exemplo: Por que se dispôs a conversar com o candidato Jakson em sua residência por três horas? Por que perguntou o que o candidato Jakson queria para “mudar de lado”? Por que, depois de fazer contas de somar, multiplicar e dividir, sobre valores em dinheiro e quantidade de votos, disse que Jakson “custava caro”? Por que disse a Jakson que o voto custava “cem reais”? Por que perguntou se podia “pagar à vista” pela retirada da candidatura de Jakson? Por que o vereador Elisio Motos foi gravado dizendo que passou a receber um “mensalão” da Prefeita para passar a apoiá-la, correspondente a “um salário de secretário”?”, pontuou Cassiano.

Quanto a declaração da prefeita Carla Machado de ser um mau exemplo de autoridade pública, Cassino retruncou: “Ser avaliado pela prefeita Carla Machado como ‘péssimo exemplo de autoridade pública’ é um grande elogio que ela me faz. Enquanto a Prefeita me criticar, permaneço bastante tranquilo. Passarei a ficar preocupado a partir do momento que ela começar a me aplaudir. Prefiro ter elogios de pessoas com idoneidade moral inquestionável. Mas, como autoridade policial, minha única preocupação é o de fazer um trabalho isento e responsável, respeitando a legalidade e cumprindo, com rigor, as missões institucionais da Polícia Federal”, finalizou.

Fonte: Site Ururau

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