domingo, 28 de outubro de 2012

"Eles racharam o mar para dentro da terra"


Surpreendida pelos preocupantes resultados da pesquisa, a equipe de reportagem da Somos foi ao Açu acompanhando mais uma viagem de coleta e exames de água da equipe de pesquisadores da Uenf e aproveitou para ouvir moradores do 5º Distrito, como o agricultor João Roberto de Almeida, de 50 anos, mais conhecido como seu Pinduca, que com apenas 2 alqueires de terra sustenta a sua família com esposa e quatro filhos.


Seu Pinduca, como a maioria dos seus vizinhos, recebe água fornecida pela prefeitura de São João da Barra para consumo, na hora da visita da equipe, de acordo com os testes realizados no local pela doutora Marina Suzuki, da Uenf, essa água estava com 744 microsiemens de condutividade, ou seja, maior em 105 microsiemens de condutividade em comparação à primeira pesquisa feita no mesmo local, e mais de sete vezes além do recomendado para consumo humano.

De acordo com a Drª. Marina, a água ideal para consumo é água doce, e água doce não pode ter salubridade nenhuma. “O ideal seria ser abaixo de 100. A água do Paraíba fica em torno de 70, 80 microsiemenes, essa água está imprópria para o consumo”, explicou.

Revoltado diante dos resultados, o agricultor desabafou: “Aí que nós queremos ver onde está a justiça, porque se é para matar o ser humano é para matar. A nossa água era doce, eles racharam o mar para dentro da terra, estão jogando a água do mar direto para as terras.

Desertificação: Sal na água e na terra. Um dos maiores desastres ambientais da região

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Os moradores não têm uma saída, se eles correrem para o que eles chamam de Rio Doce, ou Rio Água Preta, que na verdade, hoje, é o canal do Quitingute, se está nesse nível aqui, ali não é mais viável para água destinada a consumo público, se o lençol freático está salinizado também, como o lençol freático lá é muito alto, quer dizer, quando a gente faz um buraco qualquer a água já sobe, se estiver salinizado, começa a afetar as plantas, se afeta as plantas, afeta os animais, e ainda vai salinizar áreas que estão longe do empreendimento através do canal do Quitingute que vai para Lagoa Feia, que vai para o canal das Flechas, que é o canal que escoa as águas da Lagoa Feia. Então vai salinizar toda aquela área que o DNOS dessalinizou a altos custos, e quem está muito longe dali pode ser afetado, quem cria gado ou planta cana, que foi possível só depois que o DNOS entrou em ação e dessalinizou a área toda, pode perder tudo isso de novo. Eu não sei como, eles não perceberam isso ainda. Eu acho que o processo ainda não chegou até lá nessa intensidade, mas isso vai começar a se manifestar.

Sal, o X do desastre ecológico

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O trabalho excessivo dos rins pode contribuir, associado à hipertensão arterial, para mais doenças degenerativas, a hipertensão arterial por si só é uma das três a quatro causas de doença renal crônica. O que leva uma pessoa para hemodiálise? Principalmente, diabetes, hipertensão arterial.

Então, essa quantidade excessiva de sódio na água, porque a gente usa para tudo, para beber, para fazer comida, o individuo que está nessa comunidade, que é uma comunidade simples, rural, extrapola muito essa quantidade mínima que o organismo toleraria sem levar a uma consequência de um trabalho excessivo do rim, de uma hipervolemia, de hipertensão arterial.

A gente tem que ter cuidado, ver essa população, ver qual o perfil dessa população, ver a pirâmide da idade dessa população, porque idoso não pode ficar nem com pouco nem com muito sódio, muito pode fazer hipertensão, pode fazer AVC. Clique no tíltilo e leia a informação completa.

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