quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Obras do Porto salinizam águas e terras da Baixada


Apesar das fantásticas apresentações a investidores, promessas mirabolantes, incentivos governamentais e fabulosos recursos oficiais captados, as obras de construção do Superporto do Açu não mostram transparência suficiente em relação aos graves problemas sociais causados e aos enormes danos ambientais envolvidos.

Diante da estranha indolência e da arraigada incompetência do Inea na região, surgem provas irrefutáveis de grandes prejuízos ambientais causados pela implantação das empresas da EBX no Açu sem que nenhuma providência efetiva esteja sendo tomada.

Construção dos canais do estaleiro é a maior responsável pela salinização

As obras do estaleiro da OSX – que segundo anuncia o site da OSX, “obteve priorização pelo Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (FMM) de uma linha de crédito que pode chegar a até R$ 2,7 bilhões e prazo de 10 anos para a construção da Unidade de Construção Naval do Açu (UCN Açu), e, em janeiro de 2012, já recebeu desembolso no valor de USD 427,8 milhões, correspondente a um empréstimo-ponte contratado com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para essa finalidade” – são apontadas pelos pesquisadores da Uenf como as maiores responsáveis pelo que está se desenhando como um dos maiores desastres ambientais da região, já que o canal tem 13 quilômetros de extensão por 300 de largura e 18 de profundidade, gerando um volume de dragagem de faraônicos 43 milhões de m³.

A gigantesca retirada de areia com água salgada, despejada através de um duto, sem nenhum tipo de contenção, em um aterro hidráulico às margens do empreendimento, e com canais de drenagem, está desviando uma incrível quantidade de água salgada para as terras férteis vizinhas, e salinizando todo o lençol freático do Açu e os canais que irrigam parte da Baixada.

Mas a dimensão do dano ambiental é incalculável, pois, além da salinização das redondezas, o desastre ambiental está chegando às terras férteis da Baixada através da salinização de toda a bacia hidrográfica local, conduzida pelos tradicionais canais de irrigação.

Guerra química?

Entre os moradores do 5º Distrito paira uma interrogação: salinizar a água e as terras da região não seria uma forma de guerra química utilizada para vencer a resistência dos que insistem em resistir às questionáveis desapropriações?

A dúvida tem fortes fundamentos, pois sem água para beber para humanos e animais, sem água para irrigar, e terras para plantar lavouras, será impraticável sobreviver no local. Coincidência ou não, com a salinização das águas e das terras as empresas X estariam matando dois coelhos com uma só cajadada, construindo os canais e expulsando os pequenos proprietários locais.
Fonte: Somos Assim

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