O delegado da polícia federal, Paulo Cassiano Júnior, concedeu uma entrevista coletiva, na manhã desta quarta-feira (03/10), onde explicou detalhes da “Operação Machadada”, que resultou na prisão da prefeita de São João da Barra, Carla Machado e do vereador e atual candidato a vice-prefeito na chapa do PMDB, encabeçada por Neco, Alexandre Rosa. A Prefeita foi presa quando se dirigia a uma pousada, em Atafona, já Alexandre foi preso na casa do candidato a prefeito do PMDB.
Segundo Paulo Cassiano, os dois políticos integravam uma quadrilha, formada com a intenção de desestabilizar o pleito do próximo domingo (07/10). A prefeita alega que a prisão foi feita de forma arbitrária e que entrará com uma representação na Corregedoria da Polícia Federal.
De acordo com o delegado, Carla, Alexandre e Neco serão indiciados nesta quinta, por formação de quadrilha. O crime é afiançável, Carla pagou R$ 60 mil e Alexandre R$ 50 mil de fiança e foram liberados, após exame de corpo de delito, no Instituto Médico Legal (IML), em Campos.
“Nossa investigação começou há algumas semanas, através de provas testemunhais, dos próprios candidatos aliciados que nos procuraram. Essa quadrilha tinha o objetivo de manipular o resultado das eleições municipais em São João da Barra, comprando apoio de candidatos a vereadores e ela (Carla) era a líder dessa organização”, disse o delegado.
Segundo a Polícia Federal, intermediários faziam propostas para que vereadores até então de oposição, abrissem mão de suas candidaturas e declarassem apoio público a candidatos da situação, com objetivo de ‘esvaziar’ o partido, tentando fazer com que se elejam menos vereadores da oposição. “Durante as investigações, ficou claro que a prefeita tem tranquilidade com relação a eleição para prefeito, mas ela detesta a ideia de ter oposição na Câmara, isso consome a prefeita”, frisou o delegado. De acordo com Cassiano, no PR, pelo menos dois vereadores abriram mão de suas candidaturas em favor de candidatos da situação.
COMO FUNCIONAVA
As investigações da Polícia Federal concluíram que na maior parte das vezes, um intermediário fazia a oferta para que o candidato abrisse mão de concorrer, em favor de um candidato da situação, dessa forma, começava a negociação de valores ou vantagens futuras.
Cassiano acredita que pelo menos três candidatos cederam e retiraram suas candidaturas, Tino Ticalu, Silvana de Grussaí e Alex Valentin. “Eles compunham recentemente a oposição e abruptamente passaram a apoiar candidatos antes opositores”, diz.
O delegado também disse que pretendia prender mais pessoas, mas que mesmo sem ter efetuado as prisões, estas pessoas serão intimadas e indiciadas por formação de quadrilha, são eles: O candidato a prefeito pelo PMDB, Neco e os candidatos a vereador Elísio Motos, Renato Timóteo e Alex Firme.
Paulo Cassiano também afirmou que vai divulgar em breve os registros de áudio e vídeo de algumas negociações. Segundo ele, ainda nesta terça-feira, dia da prisão, um candidato foi procurado com a oferta de R$ 50 mil para que desistisse da candidatura.
VÍTIMA DE UMA TRAMA
“Fomos vítimas dessa trama de maldade, arquitetada pelos nossos adversários políticos. Todos sabem os resultados das pesquisas e o nosso partido tem uma ampla vantagem contra o candidato do PR”, disse a Prefeita à Rádio Barra FM.
“Saímos do comício, quando pararam alguns carros sem identificação, gritando e mandando descer”. “Dra. Priscila estará indo para o Rio buscando os recursos necessários e vamos até o fim. Não é porque se trata da Polícia Federal, que vamos ter medo. Foi uma arbitrariedade. Vamos entrar com recurso na Corregedoria da Polícia Federal”, disse a Prefeita afirmou ainda que pessoas da oposição sabiam da prisão com antecedência.
“As vezes a gente pensa que alguma coisa vem para o nosso mal, mas ela no fundo nos abre tantas portas. Eu tenho certeza que tudo isso que aconteceu é devido a essa eleição que nós vamos ter aí no próximo domingo. Todos sabem o resultado da pesquisa onde o nosso partido (PMDB), tem uma ampla margem de vitória com relação ao nosso adversário do PR, que inclusive foi quem estava lá na Polícia Federal, estava lá fazendo mais uma vez essas denúncias que são comuns”, diz.
PRISÃO EM FLAGRANTE
O Delegado Paulo Cassiano explicou que como o crime de formação de quadrilha é um crime continuado, a prisão em flagrante pode ser feita, inclusive sem a necessidade de um mandado de prisão. Sobre a truculência da qual a prefeita reclamou, Cassiano disse que uma prisão em flagrante é feita de forma enérgica, mas sempre dentro dos rígidos padrões da Polícia Federal e que não foi diferente no caso da Prefeita. “Para mim ela é uma presa como qualquer outra que passa por aqui”, afirmou o delegado.
A Prefeita revelou estranhar ter sido avisada da prisão antecipadamente, por pessoas ligadas ao PR (Partido da República) e estranhou também o fato do pai do delegado ocupar um cargo de confiança na Prefeitura de Campos.
Sobre esse fato, Paulo Cassiano disse que seu pai é o dentista concursado mais antigo da prefeitura e já ocupou vários cargos públicos. “Isso me soa como uma atitude desesperada, sem que se apresente nenhuma prova circunstancial”, disse. Perguntado sobre a representação que a Prefeita pretende fazer a Corregedoria, o delegado foi categórico: “Pode fazer!”.